
Durante o final de maio e início de junho fotografei as Reservas Naturais Salto Morato e Serrado Tombador, ambas administradas pela Fundação Boticário de Proteção a Natureza FBPN. O trabalho foi feito sob encomenda do departamento de comunicação da Fundação, que irá usar as fotos para divulgar as reservas. Salto Morato fica no município de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná. Foi a primeira reserva criada pela FBPN e fica no bioma Mata Atlântica. O nome deve-se ao Salto de mais de 100 metros de altura que é uma das principais atrações da reserva. Passei três dias e meio na reserva mas choveu muito no terceiro dia e não consegui fazer nada. No primeiro dia fotografei as duas principais trilhas: a do Salto Morato e a da Figueira. A figueira em questão é outro dos cartões postais da reserva pois suas raízes fazem uma espécie de ponte sobre o rio. No segundo dia fiz uma trilha conhecida como Casa do Puma, pois tem uma casa de madeira abandonada onde mora um puma. A trilha segue morro acima e chega no Rio Morato. Caminhamos pelo leito do rio até chegar no topo do salto e depois descemos o morro novamente por uma perambeira escorregadia já com uma chuva fina. No último dia dei mais uma caminhada por dentro do rio e fotografei as instalações da reserva, que aliás são de primeira.


A Serra do Tombador fica em Goiás, lá no norte do estado, no município de Cavalcante. Peguei um avião até Brasília onde aluguei um carro e percorri cerca de 400 quilômetros até a Reserva. Passei por Alto Paraíso, onde fica o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a cerca de 80 quilômetros de Cavalcante. Até a reserva ainda me esperavam mais 78 quilômetros de estrada de terra. Já era noite quando cheguei a Cavalcante. Pedi informações na cidade e me disseram que era fácil achar o caminho. A estrada era horrível, mais assustadora por ser a noite talvez. Depois de andar algumas horas a estrada piorou e quase atolei. Estava com um carro pequeno, não muito apropriado. Por sorte, no meio da noite deserta, cruzei com uma carro vindo no sentido contrário e eles me disseram que eu havia errado o caminho. Voltei atrás deles até a bifurcação que eu havia perdido. Passei pelo povoado de São Domigos e ai mais uma surpresa: um rio para atravessar. Voltei ao povoado e encontrei alguém na escola, que me disse que eu podia passar sem medo pelo rio. Segui adiante e cruzei o rio. Mais adiante uma pequena placa da reserva ao lado de um pequeno portão de madeira que parecia não levar a lugar nenhum. Imaginei que a placa era apenas para marcar o inicio da reserva e continuei. Mais na frente outra placa. Segui em frente e surpresa: mais um rio. O pior é que desta vez o farol do carro iluminava uma mata em frente como se a estrada acabasse ali. Entrei um pouco com o carro no rio e vi que a estrada continuava mais para a esquerda. Não pensei muito e fui adiante. O carro saiu do outro lado soltando fumaça de alguma coisa que não devia ter molhado. Finalmente encontrei mais uma placa e uma bifurcação a esquerda. Entrei e encontrei o portão da sede. As casas estavam todas as escuras, eram mais de 11 da noite. Imaginei que todos dormiam e tentei dar uma buzinada para chamar alguém. Saiu um grito rouco e fraco do carro. Deduzi que a buzina tinha mergulhado no rio. Por alguma razão intui que a última casa era do gestor da reserva. Me encaminhei para lá e bati palmas. Dali a pouco apareceu o próprio, ainda meio assustado por ser acordado no meio da noite. Eu estava irritado pois achava que alguém deveria ter me avisado pra não vir a noite. Enfim, fui dormir e no outro dia pedi desculpas pelo mau humor da chegada, depois de contar minha epopéia.

No Tombador o tempo foi de sol todos os dias. Durante o dia muito calor, à noite um friozinho leve gostoso pra dormir. No primeiro dia Marcelo, o gestor, me levou num mirante natural, um ponto da estrada onde se pode ver um panorama da reserva. A tarde descemos as cachoeiras do Rio Conceição. O dia seguinte passei todo no lombo de uma mula para ir até a trilha do Virá. No terceiro dia Marcelo me levou num cerrado rupestre de manhã cedo. A tarde percorri vários pontos perto da estrada, com direito a uma panorâmica do mirante e um arco-íris.
No sábado aproveitei para pernoitar em Alto Paraíso e no dia seguinte fui conhecer o famoso Vale da Lua. No inicio da tarde ainda passei no Portal da Chapada e fiz uma trilha suspensa dentro de uma mata ciliar. Peguei a estrada para Brasília pois meu vôo de volta era esta noite. O Parque Nacional ficou pra um próxima.

