Walmor, Riboud e a Maratona

Três exposições interessantes em Florianópolis, para quem reclama da falta de vida cultural na ilha:

“Você que faz versos” é o nome da exposição do artista plástico Walmor Corrêa, ilhéu (florianopolitano) radicado em Porto Alegre. Seu trabalho se caracteriza pelo diálogo entre as ciências naturais e a arte. O primeiro trabalho do Walmor que tive a chance de conhecer eram desenhos (pseudo) científicos de seres mitológicos (sereia, curupira e outros). Fiquei fascinado, pois o artista brincava com os limites entre a arte e a ciência, algo que sempre me interessou e inclusive permeia o meu trabalho pessoal. Depois disso vi a instalação “Biblioteca dos enganos”, na 7a Bienal do Mercosul em 2009, trabalho baseado em suposições equivocadas de um naturalista do século XIX.

“Você que faz versos” de Wamor Corrêa, no Museu Victor Meirelles
“Você que faz versos” de Wamor Corrêa, no Museu Victor Meirelles
“Você que faz versos” de Wamor Corrêa, no Museu Victor Meirelles

Neste trabalho atual, Walmor nos brinda com uma reflexão sobre nossa sociedade produtora de lixo, cenário habitado por ratos alados, deixando espaço para múltiplas leituras do espectador. No mínimo intrigante. Pássaros com cabeça de ratos ou ratos com corpos de aves? Seja como for, enquanto alguns exploram latões de lixo, outros observam tudo empoleirados em galhos metálicos.

No Museu Histórico de Santa Catarina (mais conhecido com Palácio Cruz e Souza) uma grande retrospectiva do mestre Marc Riboud. Um dos mais importantes fotógrafos da famosa agência Magnum, junto com Henri Cartier-Bresson e Robert Capa, Riboud trilhou uma carreira fotojornalística depois de abandonar um emprego como engenheiro (qualquer coincidência é mera casualidade).

Nigéria, 1960. No grande baile da independência, revela-se a elegância ancestral das fêmeas africanas.
Cuba, 1963.
Índia, 1971. Jovem mãe num campo de refugiados em Calcutá.
Holanda, 1994. Pensamentos estranhos em um canal holandês.
Touraine, 2001. Desenhos de pedras e galhos na neve.

Nesta retrospectiva podemos ver várias fases de sua longa carreira de mais de 50 anos de fotografia. É interessante observar que além de suas fotos mais conhecidas (que por isso mesmo não vou mostrar aqui), ele exibe nos últimos anos imagens com uma veia mais poética, talvez para compensar tantos anos de fotografia jornalística e documental. Me decepcionaram as fotos da favela da Maré, no Rio de Janeiro, que além de parecerem amadoras, foram expostas em tamanhos bem menores que as outras e montadas em molduras com quatro imagens, o que desvalorizou-as ainda mais.

Na galeria Pedro Paulo Vecchietti, da Fundação Cultural Franklin Cascaes, está a exposição fotográfica com os vencedores da Maratona Fotográfica 2012, da qual fui um dos jurados, juntamente com os fotógrafos Andréa Eichenberger e Sandro Sampaio, além dos técnicos da Fundação, Sulanger Bavaresco e Sérgio Belozupko. Dos 204 fotógrafos amadores e profissionais que participaram do evento nas modalidades digital e analógica, 25 foram selecionados – sendo três pelo conjunto de imagens e os demais por tema individual.

O desafio do concurso é fotografar em 24 horas 24 temas diferentes, que são divulgados somente no momento da maratona. As dificuldades dos participantes revelaram-se na nossa avaliação dos trabalhos, pois foi muito difícil encontrar fotógrafos que conseguissem cumprir todos os temas e além disso manter um nível de qualidade técnica e estética. O resultado disso foi que na modalidade digital tivemos somente dois premiados pelo conjunto, e na modalidade analógica somente um, quando na verdade haviam três prêmios possíveis em cada modalidade. Interessante num trabalho desses observar-se a grande variedade de linguagens e olhares, as vezes no trabalho de um mesmo fotógrafo.

Prêmio individual na categoria digital – Tema10 – Achados e perdidos – foto de Mitsue Yanai
Prêmio individual na categoria digital – tema 16 “Telas urbanas”, foto de Carolina Rogelin
Prêmio individual na categoria digital – tema 20 “Dando visibilidade”, foto de Sidney Ferreira
2º lugar na categoria digital – tema 1 “Construção coletiva”, foto de Dimitrius Silva
1º Lugar na categoria filme – tema 2 Cuidando da história – foto de Guilherme Becker

Serviço

O que: Você que faz versos – Exposição de Walmor Corrêa
Onde: Museu Victor Meirelles – Rua Victor Meirelles, 59, Centro – Florianópolis
Visitação: de 10 às 18h, de terça a sexta-feira. Até 13 de junho de 2012
Informações: tel. 3222-0692

O que
: Exposição fotográfica Marc Riboud, fotógrafo
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa (Praça XV de Novembro, 227 – Centro – Florianópolis)
Visitação: de 15/05 a 17/06/2012. De terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Aos sábados e domingos, das 10h às 16h.
Informações: (48) 3028-8091
 
O que: 18ª Maratona Fotográfica de Florianópolis – Exposição de Fotos Selecionadas
Onde: Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti – Praça 15 de Novembro, nº180 – Centro – 
Visitação: de 21 de maio a 29 de junho – Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Informações: (48) 3228-6821 / 3324-1415 (Diretoria de Artes)

Todas as exposições tem entrada gratuita.

Canela, capital da fotografia

Acabo de voltar de Canela, na Serra Gaúcha, onde participei do Canela Foto Workshops. A melhor palavra para definir o evento é “empolgante”. É sempre interessante participar dos festivais de fotografia que (felizmente) assolam o país hoje em dia (são mais de vinte). Primeiro porque é uma ótima oportunidade de reencontrar amigos-fotógrafos de todas as partes do Brasil e também fazer novas amizades. Além disso a fotografia permeia todas as atividades, como uma grande celebração, e assim pode-se aprender em workshops, exposições, conversas, ou simplesmente aproveitar a festa. Parabéns a Liliana Reid e Fernando Bueno, idealizadores do evento!

Nair Benedicto e Zé Paiva na abertura oficial do evento, no Palácio das Hortências.

Houveram diversas exposições, entre elas a coletiva Mestres do CFW, para a qual eu tive a honra de ser convidado a expor ao lado de grandes fotógrafos que admiro. Foram expostas três imagens de cada um dos seguintes fotógrafos: Clóvis Dariano, Dudu Contursi, Evandro Teixeira, Fernando Bueno, Leopoldo Plentz, Luiz Carlos Felizardo, Manuel da Costa, Orlando Brito, Raul Krebs, Ricardo “Kadão” Chaves e Rogério Reis. A mostra aconteceu no Palácio das Hortênsias (casa de verão do Governador do Estado) e foi também a abertura oficial do evento, que completou dez anos em 2012.

Palácio das Hortênsias. Foto de Fernando Pires.

Destaque também para a exposição Nas Trilhas do Olhar, de alunos do curso de fotografia da ESPM Porto Alegre, onde sou professor. As 20 fotos (2 por aluno) foram impressas numa mídia resistente a chuva e expostas na praça João Corrêa, ao ar livre. Achei excelente a ideia, curadoria e montagem. Estou a horas sonhando com uma exposição assim que democratize o acesso do público. Nem sempre as pessoas entram numa galeria ou num museu para ver uma exposição mesmo que seja gratuito o acesso e isso já elitiza. Durante o tempo que eu estava vendo esta exposição, pude presenciar vários adolescentes, que cruzavam o local, pararem por alguns instantes para observar e comentar atentamente algumas fotos.

Exposição dos alunos do curso de fotografia da ESPM Porto Alegre. Foto de Fernando Pires.

Meu workshop de fotografia de natureza aconteceu quinta-feira 23/2 na Casa de Pedra – a parte teórica; sexta-feira no EcoParque Sperry– a parte prática; e finalizou no sábado no Hotel Klein Ville, onde comentei as fotos dos alunos sobre as pautas propostas por mim e apresentei meu fluxo de trabalho usando as imagens feitas na saída a campo. Neste workshop contei com a valiosa colaboração dos biólogos Eliane Heuser e Vitor Hugo Travi como monitores.

Zé Paiva com alunos e monitores no EcoParque Sperry. Foto de Luiz Avila.

Na sexta-feira aconteceu também a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do  Instituto de Fotografia e Artes Visuais de Canela, que será construído sobre as ruínas do que seria um cassino. O projeto do escritório Solé Associados contempla salas para acervo de fotografia brasileira, auditório, diversas salas de exposições, uma com pé direito de 12m, biblioteca, cantina, estúdios com possibilidade de luz natural e salas de aula;  tudo numa área de 3.260m2 (que no final chegará a 9.136 m2)

Lançamento da pedra fundamental do Instituto de Fotografia de Canela. Foto de Fernando Pires.

No sábado a tarde houveram diversas palestras de nomes como Clício Barroso, Fernando Schmitt, Fernando Bueno, Flávia Moraes, Márcio Scavone e Brasilio Wille. Também fui convidado para dar uma das palestras e falei sobre os meus projetos de expedições, principalmente sobre o conceito e onde busquei a inspiração para desenvolvê-lo.

Zé Paiva na palestra “O olhar naturalista”, no sábado a tarde. Foto de Fernando Pires.

O encerramento do evento foi um jantar no Hotel Continental com diversos sorteios (que animaram a noite) de livros, fotos e outros brindes. Fiquei bem feliz pois uma das minhas fotos da exposição coletiva foi sorteada e quem ganhou foi Nair Benedicto, amiga e fotógrafa que admiro muito, como profissional e como pessoa sensível e carinhosa.

Final do jantar de encerramento do Canela Foto Workshops, no restaurante do Hotel Continental. Foto de Fernando Pires.

Canela Foto Workshops 2012

Não sabe o que fazer na semana do Carnaval? Que tal visitar uma das cidades mais charmosas do país e participar de um dos principais festivais de fotografia do Brasil?

Localizada nos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, Canela é privilegiada pela natureza, tem variedade de luzes, clima agradável no verão, além de forte vocação turística e cultural. Foi diante de tal cenário que Fernando Bueno, idealizador do projeto, inspirado em festivais de fotografia internacionais, realizou o primeiro Canela Foto Workshops, em 2002. Amplo e abrangente, o Festival logo passou a ter destaque no calendário nacional e internacional da fotografia.

Todos os anos desde o seu lançamento, o Canela Foto Workshops tem criado a oportunidade para que profissionais e amadores possam aproveitar o verão na Serra Gaúcha para aprender, conviver e divertir-se ao lado de verdadeiros mestres da fotografia, contribuindo para a difusão e aprofundamento da arte fotográfica no Brasil.

Além dos Workshops e Exposições, o festival apresenta outros atrativos como o Foto Escambo, o Varal Fotográfico, a Leitura de Portfolios, a Mostra de Cinema e Fotografia. Clique aqui para acessar a programação de 2012.

Comemorando 10 anos de história, a ação principal deste ano será o lançamento da pedra fundamental do Instituto de Arte e Fotografia de Canela, sonho que norteou o projeto desde o início.

Saiba mais em: http://www.canelaworkshops.com.br/dezanos.php

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ZÉ PAIVA NO CANELA FOTO WORKSHOPS 2012

Zé Paiva vai participar do festival ministrando o Workshop Fotografia da Natureza (veja abaixo), dando uma palestra no encontro de fotógrafos no sábado e participando da Exposição Coletiva do evento, que acontecerá no Palácio das Hortências, de 23/02 a 26/02 e contará com a presença de Raul Krebs, Luiz Carlos Felizardo, Leopoldo Plentz, Dudu Contursi, Kadão, Clóvis Dariano, Evandro Teixeira, Rogério Reis, Orlando Brito, Manoel da Costa e Fernando Bueno.

Para esta exposição Zé Paiva trara à público 3 fotos (acima) do seu próximo livro: “Expedição Natureza do Tocantins”, que encontra-se em fase de finalização.

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WORKSHOP COM ZÉ PAIVA: “FOTOGRAFIA DE NATUREZA”


 
Monitores:
Eliane Heuser:
Fotógrafa e Bióloga
Vitor Hugo Travi:
Biólogo e Fotógrafo
Dias: 23, 24 e 25 de fevereiro

Local:
Eco Parque Sperry
 
Objetivos: ensinar técnicas profissionais de fotografia de natureza e aguçar o senso estético dos participantes, através explanações, diálogos e de referências à grandes mestres da fotografia mundial.

Público alvo: fotógrafos e estudantes de fotografia, apreciadores da natureza,  biólogos e estudantes de biologia.

Dinâmica da atividade:

No primeiro dia os ministrantes irão apresentar através de projeção em multimídia, técnicas utilizadas para fotografar a campo, com exemplos de acervo próprio. Serão propostas pautas, para a realização do trabalho fotográfico a campo.

A atividade prática será desenvolvida durante o segundo dia no Ecoparque Sperry , orientada por Zé Paiva, tendo acompanhamento de Eliane Heuser e Vitor Hugo Travi.

No terceiro dia, os alunos se reunirão com os professores para análise, comentários. Serão selecionadas fotos obtidas pelos participantes, que irão compor o Varal Fotográfico, que será apresentada no último dia do Canela Foto Workshops 2012.

Pré-requisito: câmera com controle de velocidade e abertura do diafragma e um tripé. Ter conhecimentos básicos de fotografia, dominando as variáveis básicas da fotografia.

Observação: Para inscrição no Workshop Fotografia de Natureza, o candidato deve enviar, até 10 de fevereiro, breve texto, relatando sua experiência com fotografia e 5 fotos sobre natureza ou outro tema, para que sejam avaliados pelos ministrantes.

Investimento:R$525,00

Forma de Pagamento: A vista com 10% de desconto ou em 3 parcelas de R$ 175,00 (cheques)
Neste valor estão incluídos transporte de ida e volta ao parque e alimentação.

Carga horária: 25 horas

Vagas: 20

Será fornecido certificado de Participação

CONTATOS 
 
 Zé Paiva
http://zepaiva.com
http://www.vistaimagens.com.br
http://www.flickr.com/photos/zepaiva
 
Eliane Heuser
http://eliane.heuser.pro.br/
http://www.flickr.com/photos/elianeheuser/
 
Vitor Hugo Travi
www.ecoparquesperry.com.br
http://www.wikiaves.com.br/perfil_vitorhtravi
http://cliqueambiental.blogspot.com/

Viver natureza

Na manhã do dia 19 de agosto de 1839 o pintor, cenógrafo e inventor francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre apresentou a Academia Francesa de Artes e Ciências sua invenção: o daguerreótipo. Oficialmente isso marcou a descoberta da fotografia, mas há polêmicas, pois vários inventores já haviam tido resultados antes disso, inclusive no interior do Brasil, mas essa já é outra história. Graças à este fato o dia 19 de agosto ficou instituído como o dia mundial da fotografia.

Em outro dia 19 de agosto, há exatos dois anos, era fundada a Associação dos Fotógrafos de Natureza – AFNatura – uma entidade que reúne pessoas que acreditam na fotografia como uma forma de expressão artística capaz de valorizar o ambiente natural e promover a sua conservação. A AFNatura está comemorando duplamente este ano:  em Brasília com uma exposição coletiva intitulada “Antes que a natureza acabe” durante o Mês da Fotografia realizado pelo SESC (Serviço Social do Comércio), e domingo, dia 21 de agosto, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com um evento que reunirá diversos palestrantes sobre o tema: “A fotografia de natureza e a economia criativa”. Além das palestras haverá a projeção “Viver natureza”, com curadoria do fotógrafo e associado Ricardo Siqueira, e a entrega de título de associado benemérito da AFNATURA ao fotógrafo Sebastião Salgado, entre outras atrações.

Abaixo algumas fotos que estão na exposição de Brasília e estarão na projeção do Rio. Quem estiver numa destas cidades aproveite e confira.

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Créditos:

Perereca – Foto de Fábio Colombini

Arara – Foto de Jair Cehs

Serpente – Foto de Luciano Candisani

Jacaré – Foto de Marcelo Krause

Samambaia – Foto de Maurício Simonetti

Ipês – Foto de Ney Oliveira

Dunas – Foto de Palê Zuppani

Onda – Foto de Príamo Melo

Ariranha – Foto de Virgínio Sanches

Cerrado – Foto de Zé Paiva

somos estrelas

“Este é um livro que pretende unir a ciência ao sagrado”. Assim inicia o “Somos Terra”, lançado pela Editora Auana. Este livro é resultado de um projeto concebido pela escritora Ana Augusta Rocha, com o intuito de trazer para crianças e jovens a consciência de que somos parte indissociável do Planeta. Além do livro, o projeto apresenta, até 31 de agosto, uma exposição interativa, idealizada pelo arquiteto e cenógrafo croata Marko Brajovic no espaço da UMAPAZ, no Parque do Ibirapuera.

Tive a felicidade de participar desse projeto inovador com a foto abaixo, que faz parte do capítulo “a teia da vida”.

Só pra dar um gostinho, transcrevo abaixo um trecho do excelente texto de Ana Augusta:

“Precisamos nos lembrar de nunca esquecer. Tudo neste planeta, eu , você, todas as vidas, tem como origem as estrelas. Nós somos partículas de estrelas que um dia brilharam no céu, que depois formaram a Terra e que criaram a vida. Por mais estranho que possa parecer, somos estrelas. Feitas para brilhar.”

Dul-tson-kyil-khor, a mandala de pó colorido

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Durante oito dias o monge Tenzin Thutop, do Mosteiro Namgyal de Ithaca NY, trabalhou construindo uma mandala de areia, uma antiga prática do budismo tibetano. No oitavo dia, para surpresa e admiração dos nossos olhos ocidentais, ele tranquilamente desmanchou a mandala, depois de algumas preces, distribuiu alguns punhados de areia para o público e jogou o resto num pequeno lago, numa cerimônia que durou alguns minutos.

Esta mandala de areia foi parte da programação da II Semana de cultura Tibetana,  que aconteceu de 27 de maio a 4 de junho de 2011 na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, e foi promovida pelo Centro de Cultura Tibetana, com apoio do escritório do Tibete em Nova Iorque. Acompanhando a mandala de areia estava a exposição coletiva “The Missing Peace” e fotos históricas da fuga e exílio do Dalai Lama, além de thangkas tibetanas (pinturas em tecido com motivos budistas). O evento teve palestrantes ilustres como Robert Barnett, da Columbia University, os jornalistas Haroldo Castro e Luis Pelegrini, além do representante de S.S Dalai Lama para a América Latina, Tsewang Phuntso, entre outros. Além disso houve um jantar tibetano com um chef que além de cozinhar, canta e pinta, Ogyen Shak.

Mandala significa casa ou palácio. No caso da mandala budista, o significado seria o  palácio da mente do Buda, onde o azul da mesa simboliza o céu, ou espaço vital. A mandala é feita com milhões de grãos de areia colorida, ou melhor, pó de mármore. Os próprios monges quebram as pedras com marreta, trituram e peneiram o mármore até ele ficar finíssimo. Depois disso tingem várias vezes em mais de vinte tons distintos. Esta prática antigamente era feita somente nos mosteiros nas luas cheia de alguns meses específicos. Hoje em dia é também feita em eventos como este para difundir a arte e a filosofia tibetana. Ela representa a impermanência de tudo na vida e o desapego, principalmente do monge que a realizou.

Semana Tibetana em Florianópolis

Caros amigos

Dia 27 de maio começa a II Semana de Cultura Tibetana em Florianópolis, que acontecerá na Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Durante 9 dias teremos palestras, filmes, exposições de arte, mandala de areia e workshops. Entre os palestrantes estão: Lia Diskin – fundadora da Palas Athena, Tsewang Phuntso – representante de SS Dalai Lama na América, Robbie Barnett – professor da Columbia University e o Lama Padma Samten – presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva. Haverá também uma mesa redonda com os jornalistas Arthur Veríssimo (Trip), Haroldo Castro, Luis Pelegrini (Planeta) , entre outros. A artista Tiffany Gyatso ministrará um workshop de pintura tibetana. Poderemos conhecer a culinária tibetana em um jantar preparado por um chef tibetano, com direito a música típica interpretada pelo próprio chef.

Eu sou o curador das exposições e responsável pela mandala de areia.

A exposição “The Missing Peace” – artistas consideram o Dalai Lama – é uma exposição coletiva que foi criada pela Fundação Dalai Lama e pelo comitê 100 pelo Tibete, onde os artistas mostram a sua visão pessoal sobre o Dalai Lama. São 88 artistas de 30 países (incluindo os brasileiros Sebastião Salgado e Adriana Varejão).

Tendo a vida do Dalai Lama como inspiração o projeto tem como objetivo chamar a atenção do mundo para a busca da paz. Segundo o Dalai Lama, na apresentação do livro com as obras, “Estas obras de arte buscam criar zonas de paz, e tem a intenção de inspirar outros a gerar compaixão, amor e paciência, que são essenciais se o ser humano quiser atingir a felicidade.”

Entre os artistas do projeto estão famosos como Laurie Anderson, Richard Avedon e o ator Richard Gere mostrando suas habilidades como fotógrafo. Aqui em Florianópolis teremos 14 obras desse projeto em excelentes reproduções que compõem o “The Missing Peace in a box”.

Haverá também uma exposição de Thangkas tibetanas (uma pintura em tecido com motivos budistas,espécie de altar móvel) vindas do Mosteiro Namgyal, trazidas pelos monges que irão fazer durante nove dias uma mandala com milhares de grãos de areia. No último dia a mandala será desmontada num ritual que celebrará a impermanência. Além disso tudo ainda teremos fotos históricas da fuga de SS Dalai Lama do Tibete e dos tibetanos em exílio na Índia.

Confiram a programação completa no link e façam sua inscrição logo pois as vagas são limitadas. As inscrições podem ser feitas no próprio site.

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Natureza Gaúcha na Cultura

Caros amigos

Dia 12 de maio de 2011 – quinta feira – estarei recebendo todos para um encontro no auditório da Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country em Porto Alegre. Na ocasião vou projetar imagens do livro e falar um pouco sobre este projeto. Também vou mostrar imagens inéditas do projeto que estou trabalhando no momento – Expedição Natureza do Tocantins – com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. Na ocasião acontecerá a abertura da exposição fotográfica do Natureza Gaúcha. Estão todos convidados! Saiba mais sobre o livro aqui.

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Onde: Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country em Porto Alegre

Quando:12 de maio de 2011 – quinta feira – as 19h30

Mais detalhes aqui neste link.

FestFotoPoa 2011

Começou no dia 6 de abril e vai até 1 de maio a quinta edição do FestFotoPoa. O festival  abriu com uma grande exposição retrospectiva do fotógrafo homenageado Luiz Carlos Felizardo. Felizardo ficou conhecido pela sua versatilidade, pois tanto fotografou paisagens sublimes, detalhes arquitetônicos e abstrações em câmeras de formato grande, 4×5 e até 8×10 polegadas, quanto fez cliques voeyrísticos em suas viagens com uma pequena Leica 35mm, sempre em preto&branco. No segundo dia do festival foi lançado um livro também retrospectivo sobre a obra de Felizardo, homenagens mais do que merecidos por este grande fotógrafo.

Apesar de ser conterrâneo meu, ele também nasceu em Porto Alegre, só o conheci pessoalmente em 2004, quando participamos juntos com outros 43 fotógrafos do projeto SP 450 anos em 24 horas, dos irmão Eduardo e Fernando Bueno. O projeto consistia em fotografar um tema sorteado para cada fotógrafo durante as 24 horas do dia do aniversário de 450 anos de São Paulo. Lembro que estávamos todos os fotógrafos hospedados no velho hotel Othon Palace, no centro histórico de São Paulo. O sorteio foi na sexta -feira a noite e eu estava ao lado do Felizardo assistindo. Quando sortearam o tema dele: morrer em São Paulo, ele virou pra mim com uma cara de perplexidade (deve ter imaginado alguma cena de crime), e eu imediatamente reagi dizendo que haviam belos cemitérios em São Paulo. Seu semblante imediatamente iluminou-se. Uma das fotos deste ensaio, Cemitério São Luiz, está na exposição e no livro do FestFoto.

Alguns anos depois, quando lancei meu livro Gaúcha Nature Expedition, em 2008, Felizardo escreveu um belíssimo texto na sua coluna Imago, na revista Aplauso, sobre o meu trabalho e o do Eurico Salis, meu amigo e contemporâneo, que havia lançado mais ou menos na mesma época o livro Porto Alegre, cenas urbanas, paisagens rurais. O gancho do artigo era a ligação de ambos com Bagé, cidade natal do Eurico, dos meus pais, e com a qual Felizardo tem uma ligação afetuosa. Estas colunas do Feliz renderam um ótimo livro, com o nome da coluna, Imago, lançado em 2010. Felizardo, além de ser um fotógrafo com grande sensibilidade e apuro técnico, ainda escreve soberbamente. Este foi o seu segundo livro de textos, o primeiro, de 2000, chama-se Relógio de ver. [slideshow]

Mas voltando ao FesFoto, depois dessa viagem no tempo. A exposição do Felizardo ocupa quase todo o andar térreo do Santander Cultural, um belíssimo prédio histórico. No andar de cima, uma retrospectiva de Marc Riboud, que achei um pouco linear, ampliações pequenas, todas do mesmo tamanho, acho que não ficou a altura da obra desse grande fotógrafo francês. Nas salas multimídia aconteceram as palestras, mesas-redondas e leituras de portfólio. Falando em mesas-redondas, uma crítica construtiva: acho que foi mal aproveitada a oportunidade, pois juntaram-se grandes cabeças pensantes da fotografia brasileira, mas devido em parte aos atrasos de início em quase todas, sobrava sempre muito pouco tempo para a mesa redonda propriamente dita, onde haveria o debate com o público. A mesa acabava ficando linear, como palestras sucessivas, sem o debate que ao meu ver seria fundamental e produtivo. Prova disso é que numa das mesas mais empolgantes, onde estavam Roberto Linsker, da Editora Terra Virgem, Tiago Santana, da Editora Tempo D’imagem e Dante Gastaldoni, do projeto Brasil passa pelo SESC, discutindo a produção de livros autorais de fotografia no Brasil, a discussão continuou por horas no corredor e no café, porque o assunto era por demais instigante.

O saldo final é que o FestFotoPoa está de vento em popa e acho que todos que participaram este ano estão ansiosos que chegue a sexta edição em 2012, quando a fotógrafa homenageada será Nair Benedito. Quem ainda não foi, não deixe de ir, pois até 1 de maio permanecem as ótimas exposições acompanhadas de sessões de filmes no cinema do subsolo, programa imperdível!

Canela Foto Workshops

Aconteceu de 27 de fevereiro a 4 de março a quarta edição do Canela Foto Workshops, uma realização do fotógrafo Fernando Bueno e da jornalista Liliana Reid. O evento teve a presença de vários fotógrafos ilustres ministrando workshops e palestras. A semana culminou com um debate na quinta-feira sobre os Os Novos Caminhos do Uso da Imagem e do Ensino da Fotografia. Na mesa estavam Rogério Reis, Orlando Brito, Evandro Teixeira, Fernando Bueno e Ricardo Cadão Chaves, além de inúmeros outros fotógrafos importantes na platéia. Fernando aproveitou a oportunidade e relançou o plano de instalar um centro de excelência em ensino de fotografia no local onde era o Cassino de Canela, hoje em ruínas. Destaque para a exposição virtual dos alunos do curso avançado de fotografia da ESPM Porto Alegre, exibida entre as palestras, que aconteceram na Casa de Pedra. Vejam mais detalhes no site.

No final do debate, eu, Manuel da Costa, coordenador da ESPM Foto - Porto Alegre, entre alunos e ex-alunos.

Da esquerda para a direita, Cláudio Ott, Fernando Bueno, Clóvis Dariano, Evandro Teixeira, Luis Carlos Felizardo, Orlando Brito e este que vos escreve, no final do coquetel de encerramento do evento.

Eu participei com uma parte da minha exposição “Expedição Natureza Gaúcha”no simpático Empório Canela, que também é um bistrô e livraria. A exposição permanece até o dia 14 de março. Quem estiver na Serra Gaúcha, aproveite.

Foto Escambo em Canela.

Além disso houve uma participação do Foto Escambo, um interessantíssimo evento que propicia a troca de fotografias entre os participantes. Como funciona: cada  fotógrafo leva até cinco fotos ampliadas em papel 20×30 cm e para cada foto doada ganha um vale para escolher uma foto do varal onde ficam expostas. O bacana de tudo isso é que além de você poder formar sua galeria de fotografia em casa, as fotos são numeradas, mas você só fica sabendo quem é o autor depois de terminado o evento. Ou seja, a escolha é baseada na intuição, na razão ou na emoção, mas não no nome do autor. Eu ainda estou na curiosidade de saber de quem são as belas imagens que escolhi…