Depois de um longo silêncio estou de volta. Nem sei o que houve, turbulências, natal, ano novo, viagens, sei lá. Bem, o que importa é que estou de volta com novidades. Finalmente vou lançar o meu livro com uma versão compacta da exposição fotográfica: Expedição Natureza Gaúcha.Avisem aos vivos:
Pra quem está em Floripa, não perca. O restaurante é um primor da cozinha vegetariana. Nem sei o que vai ser o coquetel, mas pela criatividade do pessoal vai ser coisa original a beça. No próximo post, fotos da viagem de fim-de-ano ao pampas, Bagé em sua melhor forma (a rainha da fronteira).
O Parque do Rio Vermelho está localizado em Florianópolis, na Ilha de Santa Catarina, entre a Barra da Lagoa e os Ingleses. Protege uma das poucas praias desertas da ilha, a do Moçambique. Deserta no sentido de que não tem construções, pois está dentro de um parque. Durante muito tempo este parque se chamava Parque Florestal do Rio Vermelho, e era administrado pela CIDASC, um orgão do governo ligado aos agronegócios. Isso talvez explique porque a área serviu, há alguma décadas, para um experimento de plantio de pinus (pinheiro americano) e eucaliptos. Na época a vegetação nativa da planície, chamada de restinga, foi suprimida e foram plantados milhares de árvores exóticas dos EUA e da Austrália. Graças a isso o local foi transformado num parque. O pinus, além de ser exótico e não deixar crescer nada embaixo, ainda por cima é considerado o maior contaminante biológico do planeta, pois suas sementes se espalham num raio de mais de quinze quilômetros. Aqui na ilha, por exemplo, elas chegam a voar até as dunas da Lagoa da Conceição, que também estão dentro de um parque, e crescer no meio da areia. Muito recentemente o Parque do Rio Vermelho foi transformado num parque estadual, para enquadrar-se no SNUC e no SEUC, sistemas nacionais e estaduais de unidades de conservação, que regulamentam a proteção das áreas naturais em Santa Catarina. Agora o Parque Estadual do Rio Vermelho, PERV, é administrado pela FATMA, Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina.
Capa do informativo #2
O Instituto Lagoa Viva, uma ONG de Florianópolis, aprovou no Ministério do Meio Ambiente um projeto para realizar um diagnóstico e uma proposta de zoneamento desta unidade de conservação, que vai, entre outras coisas, estudar como substituir os pinus e eucaliptos pela vegetação nativa. Sou colaborador voluntário deste projeto, que é coordenado pelo Professor Francisco Ferreira,do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Ecologia e Desenho Urbano da Universidade Federal de Santa Catarina (Gipedu). Recentemente fiz algumas fotos aéreas do parque que foram usadas no segundo número do informativo deste projeto, que acaba de sair. O projeto gráfico e direção de arte é do meu filho, Maurício Paiva.
Lagartinho-da-praia, personagem criado por Maurício, inspirado no animal homônimo, que está ameaçado de extinção, mas foi encontrado no Parque Estadual do Rio Vermelho.
Quem ainda não viu, veja! É imperdível. Tem em DVD na maioria das locadoras. Eu já vi 4 vezes e estou pensando em ver uma quinta, pois cada vez eu apreendo coisas novas. A fotografia é ótima, a trilha do Eddie Vedder (vocalista do Pearl Jam) é primorosa, o roteiro e direção do Sean Penn (sim, ele mesmo, o ator oscarizado pelo papel do politico gay em Milk) é de mestre. Dêem uma olhada no trailer e depois confiram na íntegra. Ainda por cima o filme é cheio de citações dos escritores que inspiraram o personagem do filme, como Emerson Thoreau, Lord Byron e outros. A história é inspirada em fatos reais e conta a saga de uma rapaz que após graduar-se com méritos na Universidade abandona tudo e vai para o Alaska em busca de seu sonho, viver na natureza selvagem.
Sala O Arquipélago, Lançamento do livro e exposição Expedição Natureza Gaúcha no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo em Porto Alegre RS, foto de Fernanda Coelho
Postei no Flickr uma galeria com todas as fotos que expus ano passado na Sala Arquipélago do Centro de Cultura CEEE Erico Verissimo, quando lancei o livro Expedição Natureza Gaúcha. A exposição teve curadoria do fotógrafo e professor Manuel da Costa.
Dono de um trabalho autoral que presta tributo à natureza, o fotógrafo e professor da Escola de Criação Zé Paiva vai estar na Feira do Livro no próximo domingo, dia 8 de novembro. Às 14h30, ele autografa o livro Expedição Natureza Gaúcha, uma viagem fotográfica pelo pampa, a serra e o litoral do estado. Foram 5 mil km e mais de 15 mil imagens, das quais 150 estão no livro.
Em março deste ano três fotos deste trabalho foram selecionadas para a coleção Pirelli MASP, a mais importante coleção de fotografia do Brasil. Uma delas aparece na entrevista que publicamos com o Zé Paiva na semana passada. Mas neste post a gente trouxe outra imagem, que o Zé Paiva veio ao blog comentar:
Reserva Biologica do Sao Donato, Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil. Foto de Ze Paiva, Vista Imagens
“Depois de uma tarde perseguindo bugios espremidos em pequenos resquícios de capões de mata nativa entre arrozais dentro da Reserva Biológia de São Donato, em Itaqui, fomos ver o pôr-do-sol em uma pequena lagoa na beira da estrada. Divagando sobre a vegetação na margem comecei a brincar compondo apenas alguns juncos e deu no que deu, o cúmulo da simplicidade fez valer o ditado “menos é mais”. Por isso talvez a foto ganhou o apelido de japonesa.”
Depois de mais uma aula de fotografia de natureza para o excelente Curso Avançado de Fotografia Digital da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em Porto Alegre, dei uma entrevista para a Luiza Piffero, que faz o blog da Escola de Criação da ESPM. Confiram e aproveitem para ver o que os criativos da nova geração estão aprontando. O blog vale a pena! Boa leitura!
Meus caros, domingo dia 8 de novembro de 2009 as 14h 30 estarei relançando meu mais recente livro, Gaúcha Nature Expedition, na Feira do Livro de Porto Alegre, com uma sessão de autógrafos. O evento será na Praça de autógrafos da Feira, na bela Praça XV, no centro da cidade, rodeado pelos jacarandás em flor. Estão todos convidados, assim como os amigos e os amigos dos amigos…
Expedição NATUREZA GAÚCHA Livro fotográfica Autor: Zé Paiva Lançamento: 8 de novembro, domingo, a partir das 14h30min Local: Praça de autógrafos da Feira do Livro de Porto Alegre Endereço: Praça XV – Porto Alegre/RS Editora: Meta Livros – 144 páginas
Português-inglês
Patrocínio: Eletrobrás
Banrisul
Ministério da Cultura – Lei Rouanet Apoio: Governo do Estado – RS
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Fundação Zoobotânica
Ibama
Ceibo (corticeira do banhado), Rincón de Perez, Paysandu, Uruguay (foto de Zé Paiva/Vista Imagens)
O Uruguai faz alguns anos está estruturando um sistema nacional de áreas protegidas SNAP, sob a tutela da Dirección Nacional de Medio Ambiente. Até então era o único pais da América do Sul sem um sistema semelhante. Entre 25 de setembro e 3 de outubro de 2009 fui a Guichon, uma pequena cidade do departamento de Paysandu no Uruguai, fazer um ensaio fotográfico sobre a região. Montes del Queguay é como será chamada a área protegida que está em estudo para ser implementada.
Señor Rodriguez, Montes del Queguay, Guichon, Paysandu, Uruguay (foto de Ze Paiva, Vista Imagens)
Fui contratado por uma ONG chamada CEUTA, Centro Uruguayo de Tecnologías Apropiadas, com sede em Montevidéu. Eles estão fazendo um estudo sobre a área para fundamentar um futuro plano de manejo da mesma, resultado este que será publicado na forma de um livro.
Montes del Queguay tem uma área de aproxidamente 41 mil hectares e fica na bacia do Rio Queguay, um afluente do Rio Uruguai. Queguay em guarani significa “onde confluem os sonhos”. O meu guia nas incursões foi Carlos Urruty, um nativo de Guichon. Ele é professor de uma escola técnica da cidade, mas desde jovem pesca e caça na região. Há alguns anos começou a colaborar com a CEUTA e simultaneamente a desenvolver roteiros ecoturísticos. Além disso é um dos diretores do Club de Canoas Queguay (canoagem é uma das especialidades dos uruguaios).
Cerro del Ingles, Rio Queguay, Guichon, Paysandu, Uruguay, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.
Muitas pessoas, inclusive os próprios uruguaios, tem o costume de classificar a paisagem uruguaia com o clichê: uma planície suavemente ondulada. Na verdade isto é uma simplificação grosseira. Montes del Queguay, por exemplo, apresenta montes ribereños (florestas que acompanham o rio); banhados e “pajonales”, onde encontramos uma enorme quantidade de aves residentes e migratórias; serras basálticas e matas associadas; chircais (agrupamentos arbustivos); montes parque (uma floresta mais aberta) e pradarias. Além disso a região foi morada dos últimos índios charruas do Uruguai.
Monte parque, Rio Queguay, Guichon, Paysandu, Uruguay, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.
Fizemos diversos trajetos em camionete 4×4, percorremos alguns trechos do rio em canoa e me embrenhei em alguns banhados com meu macacão impermeável em busca de fotos de aves. Foram dias de muito trabalho, acordando as 6 da manhã para captar a luz do amanhecer, trabalhando até o pôr-do-sol, carregando os cartões e limpando equipamento a noite. Valeu a pena, o lugar tem uma beleza sutil só perceptível para quem está disposto a entranhar-se nesta paisagem.
Pecho-amarillo, Humedal Rincon de Perez, Guichon, Paysandu, Uruguay, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.
Num dos dias voei sobre a pampa deserta, verde mas deserta. Sem limites visíveis, grandes coxilhas invadidas por eucaliptos pediam socorro, pequenas matas cercadas por lavouras gritavam encurraladas. Porque destruímos a perfeição da natureza? Porque tanta ganância em toda parte do mundo? Porque tamanho descaso com os frutos de nossos atos? Rios com lixo pendurados pelos ramos, latas de veneno na beira da estrada, máquinas borrifando pesticidas que recendiam seu cheiro até as alturas de minha aeronave. A destruição de cima fica mais visível. A natureza está encurralada por todos os lados, em todos os paises. A beleza está moribunda. A perfeição desmorona.
Plantação de eucaliptus, Paysandu, Uruguay, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.