Ladakh, uma expedição inesquecível!

Vale Nubra a caminho do Lago Pangong, Ladakh, India – foto de Ze Paiva – Vista Imagens

Em 2024 fiz minha primeira expedição fotográfica para esse lugar incrível chamado Ladakh, que fica no extremo norte da Índia, na fronteira com o Tibete, hoje ocupado pela China. Apesar de fazer parte da Índia, ele é chamado de “Pequeno Tibete”, pois a sua geografia e cultura tem muito mais a ver com o Tibete do que com a Índia. Encravado na cordilheira dos Himalaias, ele abriga as estradas rodoviárias mais altas do mundo, e nós estivemos lá.

Nossa chegada foi em Delhi, capital da Índia, uma cidade de mais 32 milhões de habitantes. Depois de uma dia de aclimatação e passeios em Delhi voamos para Leh, capital do Ladakh, que já fica há 3500 metros de altitude. A ideia era no primeiro dia descansar e adaptar-se com a altitude. Eu achei que no segundo dia já estaria bem, mas foi bem mais difícil do que eu imaginava. Qualquer lance de escada já era suficiente para deixar-me exausto.

No dia seguinte fomos ver o sol nascer na magnífica Shanti Stupa, no alto de uma colina nos arredores de Leh. De lá pudemos ter uma ideia melhor da cordilheira ao nosso redor. Depois do nosso breakfast fomos ao Leh Market, uma simpática rua de pedestres no centro de Leh, onde estava rolando um Festival, num dos templos budistas da cidade.

No terceiro dia fomos conhecer o Shey Palace, o Monastério Thiksey e terminamos com o impressionante Monastério Hemis, que também abriga um importante museu. No quarto dia foi a vez de conhecer os Monastérios de Basgo e Alchi. Este último tem mais de mil anos de idade e fica dentro de um simpático vilarejo com um mercado a céu aberto e um premiado restaurante conduzido somente por mulheres, onde almoçamos.

No quinto dia saímos de Leh em direção ao Nubra Valley. No caminho cruzamos o passo de Khardung-La, com 5.359 metros de altitude, umas das estradas mais altas do mundo. Visitamos o Monastério Diskit e sua imponente estátua do Buda Maitreya com 32 metros de altura. Esta noite pernoitamos numa pousada no próprio Vale. No dia seguinte fomos conhecer as dunas de Hunder e os camelos bactrianos, onde encontramos mulheres ladakhis com suas roupas típicas. Fomos então almoçar numa casa de uma família ladakhi, uma experiência inesquecível, tanto pela simpatia quanto pela culinária local.

O sétimo dia da expedição nos reservava uma das grande atrações, o Pangong Lake, um enorme lago azul de 604 quilômetros quadrados na fronteira entre Índia e Tibete. Ainda deu tempo de apreciar a luz do entardecer quando chegamos. No dia seguinte fomos apreciar a aurora nas margens do lago, uma experiência deslumbrante. Começamos nosso retorno à capital e finalizamos com uma visita ao Leh Palace, hoje um museu da cidade.

Certamente esta foi uma expedição inesquecível por vários motivos. Primeiramente pela paisagem da cordilheira dos Himalaias. São montanhas enormes quase sempre com neves eternas nos seus picos, imersas numa paisagem muito árida ornada por rios e lagos de um azul profundo. Os monastérios também impressionam, pois os mais recentes tem 500 anos. A arte está presente em cada detalhes das construções. Isso já bastaria para tornar a viagem inesquecível, mas ainda teve a experiência marcante com a cultura local e o povo ladakhi, sempre muito hospitaleiro. Este é uma daqueles lugares que a gente fica querendo voltar.

Esta expedição foi uma parceria com a Yatra Viagens, que organiza viagens para vários destinos na Ásia.

Dul-tson-kyil-khor, a mandala de pó colorido

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Durante oito dias o monge Tenzin Thutop, do Mosteiro Namgyal de Ithaca NY, trabalhou construindo uma mandala de areia, uma antiga prática do budismo tibetano. No oitavo dia, para surpresa e admiração dos nossos olhos ocidentais, ele tranquilamente desmanchou a mandala, depois de algumas preces, distribuiu alguns punhados de areia para o público e jogou o resto num pequeno lago, numa cerimônia que durou alguns minutos.

Esta mandala de areia foi parte da programação da II Semana de cultura Tibetana,  que aconteceu de 27 de maio a 4 de junho de 2011 na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, e foi promovida pelo Centro de Cultura Tibetana, com apoio do escritório do Tibete em Nova Iorque. Acompanhando a mandala de areia estava a exposição coletiva “The Missing Peace” e fotos históricas da fuga e exílio do Dalai Lama, além de thangkas tibetanas (pinturas em tecido com motivos budistas). O evento teve palestrantes ilustres como Robert Barnett, da Columbia University, os jornalistas Haroldo Castro e Luis Pelegrini, além do representante de S.S Dalai Lama para a América Latina, Tsewang Phuntso, entre outros. Além disso houve um jantar tibetano com um chef que além de cozinhar, canta e pinta, Ogyen Shak.

Mandala significa casa ou palácio. No caso da mandala budista, o significado seria o  palácio da mente do Buda, onde o azul da mesa simboliza o céu, ou espaço vital. A mandala é feita com milhões de grãos de areia colorida, ou melhor, pó de mármore. Os próprios monges quebram as pedras com marreta, trituram e peneiram o mármore até ele ficar finíssimo. Depois disso tingem várias vezes em mais de vinte tons distintos. Esta prática antigamente era feita somente nos mosteiros nas luas cheia de alguns meses específicos. Hoje em dia é também feita em eventos como este para difundir a arte e a filosofia tibetana. Ela representa a impermanência de tudo na vida e o desapego, principalmente do monge que a realizou.