















Atenção plena para fotografar momentos únicos
Os 90 participantes das oficinas de fotografia contemplativa de Zé Paiva perceberam a diferença que faz olhar para o dia a dia com atenção e entrega. As oficinas, gratuitas, foram realizadas na Aldeia Tava’i, em Canelinha (Grande Florianópolis), e em diferentes bairros de Florianópolis, reforçando a importância da descentralização de oportunidades.
A chegada era com o olhar curioso, mas a saída com um olhar transformado pelos ensinamentos e práticas, tanto de fotografia quanto de meditação, de Zé Paiva. De uma forma bastante resumida, assim foram descritos os sentimentos de algumas das mais de 90 pessoas que participaram da Oficina de Fotografia Contemplativa com Prática de Meditação Guiada com o experiente fotógrafo, reconhecido por sua trajetória dedicada a registrar a natureza a partir da observação.
Em pouco mais de um mês, Zé Paiva realizou seis oficinas em diferentes locais, a começar pela Aldeia Guarani Tava’I, em Canelinha, na Grande Florianópolis, passando pelos bairros Rio Vermelho, Córrego Grande, Centro, Jurerê e Ribeirão da Ilha, todos na Ilha de Santa Catarina. De acordo com Zé, o objetivo do projeto era incentivar os participantes a produzirem imagens que transcendessem os condicionamentos do olhar cotidiano, meta que, conforme os relatos dos participantes, foi atingida com êxito.
“Foi um final de semana para pensar, meditar, voltar a pensar, a olhar, olhar outra vez, olhar mais um pouco e perceber aquilo que a “correria” nos impossibilita, disse Rosângela Machado. Já Fernanda Vieira observou que além de todo o conhecimento, a oficina é um sensível despertar interior, um chamado para contemplar antes da foto, “sem medo, sem preconcepções, com o olhar em deslumbramento. As palavras não dizem tudo o que foi para mim”, compartilhou.
O fotógrafo conta que as saídas fotográficas aconteceram após uma primeira conversa sobre fotografia, seguida da prática de meditação guiada. “A ideia é conduzir os participantes por uma jornada visual que integra meditação, sensibilidade e criação artística, sem necessidade de experiência prévia em qualquer uma das atividades”, explica. “A intenção é apresentar uma nova forma de encarar o mundo, a partir dos ensinamentos budistas de mestres como Chögyam Trungpa, Lama Padma Samten e Sensei Kazuaki Tanahashi”.
A abordagem de Paiva convida ao desapego das regras e técnicas tradicionais, favorecendo a descoberta de uma nova relação com o ato de fotografar. O que atesta Cezar Zucco, ao observar que “a Fotografia Contemplativa constitui-se, sim, numa nova forma de fotografar – com mente e coração abertos, como diz o Zé, […] e eu sou testemunha de que ele mesmo pratica, literalmente”, conclui.
Mensagens de agradecimentos e de ressignificações de momentos pessoais foram compartilhadas por diversas pessoas que prometeram: continuarão contemplando e fotografando. Para Zé Paiva essas respostas, além de o deixaram realizado, também confirmam a importância da descentralização de oportunidades de contato com linguagens e expressões artísticas. “É essencial essa descentralização, para que cada vez mais pessoas tenham possibilidades de ampliar seus horizontes”, afirma. “Eu aprendo muito também, em todas as oficinas, a prática com os indígenas e as experiências com cada uma das pessoas que passaram por essas oficinas tiveram trocas muito sensíveis e bonitas”, conclui o fotógrafo. Ao final das oficinas, um projeto começa a ser sonhado: o de fazer uma exposição com uma foto de cada pessoa que participou. “Ainda estamos sonhando esse projeto, mas pode virar algo concreto”, finaliza.
O projeto foi executado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Política Nacional Aldir Blanc.
Leticia Bombo – Eccoa Comunicação




















