expedição ausentes, o retorno

Ausentes, ou São José dos Ausentes, fica na Serra Gaúcha. Na verdade muito mais do que isso, é onde fica o ponto mais alto do estado, o Pico do Monte Negro, com 1410 metros de altitude. Mas não foi por isso que voltei lá. Além de ser um lugar incrível, com diversos cânions e cachoeiras, foi muito marcante durante a Expedição Natureza Gaúcha, que resultou no meu terceiro livro.

A história foi assim: em 2007 eu estava fazendo a segunda viagem para produzir as fotografias do projeto. Já havia feito a expedição litoral, com a assistência do meu amigo Gustavo Rosadilla. Quando estávamos em Cambará do Sul, há 11 dias na estrada, Gustavo ficou doente e voltou a Porto Alegre para ir ao médico. Continuei sozinho então para Ausentes. Ao chegar na cidade fui numa agência do Banco do Brasil para tirar dinheiro no caixa automático. Era feriado de 7 de setembro. Soltei a mochila com o notebook, talões de cheque e outras coisas no chão ao lado do caixa e retirei o dinheiro. Coloquei a carteira no bolso e sai da agência e esqueci a mochila. Entrei no carro e fui para a Pousada que havia escolhido, que ficava a cerca de 20 quilômetros. Quando estava descarregando o carro, me dei conta da mancada. Voltei ao banco mas a mochila já não estava mais lá.

Resumindo, fiquei três dias tentando encontrar minha mochila. Apelei para a policia, para o padre, perguntei para todos na pequena cidade de pouco mais de três mil habitantes e ofereci uma recompensa. Além do valor do notebook, ali estava o trabalho fotográfico de 11 dias de expedição. Depois do terceiro dia, o pastor de uma igreja me chamou e disse que sabia quem estava com minha mochila. Marcou um horário e fui ao escritório dele. Lá estava um adolescente com ele. O rapaz me contou que ele e o primo de Caxias do Sul estavam passando na frente da agência bancária no feriado e viram minha mochila. O primo pegou e levou com ele para Caxias. O rapaz resolveu contar pois não estava de acordo com aquilo. Fui com o rapaz até Caxias resgatar minha mochila. Na volta o rapaz me contou que morava com a mãe separada e haviam roubado todo o dinheiro que ela tinha economizado para construir uma casa. Deixei ele numa pequena casa de madeira e dei a recompensa com o coração apertado e ao mesmo tempo aliviado por ter recuperado o notebook.

Voltar a Ausentes me fez reviver estas lembranças. Quando fomos ao Cachoeirão dos Rodrigues visitei os amigos Nilda e Chico, da Pousada dos Potreirinhos, que me apoiaram durante estes dias de preocupação. Acho que só consegui recuperar a mochila porque nunca desisti de encontrá-la e fui apoiado por diversas pessoas da cidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *