Quarentena contemplativa

Passei os primeiros 40 dias da quarentena (literalmente) em Viamão, no Rio Grande do Sul, no centro budista CEBB Caminho do Meio. Lá, tive a oportunidade de acompanhar o trabalho da Mútua Rede de Reciprocidade. A Mútua começou com projetos de educação ambiental nas escolas de Porto Alegre, introduzindo o conceito de alimentação saudável através de hortas e feiras agroecológicas. Aos poucos, começou a entregar cestas de orgânicos em casa e agora, com a quarentena, viu as entregas crescerem vertiginosamente.

Claro que, em parte, o motivo é as pessoas não quererem sair de casa. Mas acho que o desejo de uma alimentação mais saudável também deve ter sido um fator importante. Em tempos de pandemia, a imunidade é uma preocupação.

Isso me fez refletir sobre as mudanças que estamos vivendo. O fato de ficarmos mais em casa, talvez esteja fazendo muitas pessoas refletirem sobre suas vidas e sobre os caminhos que a humanidade está tomando. O reflexo disso começou em pequenas ações, como cartazes nos prédios de pessoas se oferecendo para fazer compras para os seus vizinhos idosos. Agora, tenho visto reflexos em maior escala.

Na visão budista podemos ver os obstáculos como oportunidades.

Um exemplo vem da Holanda, onde um grupo de 170 acadêmicos propõe uma política de decrescimento baseada em 5 pontos: adotar um modelo econômico que não seja baseado no PIB, redistribuição de renda, agroecologia, redução de consumo e cancelamento de dívidas. Veja mais detalhes aqui.

Outro exemplo interessante vem da França, que está criando um fundo de 20 milhões de euros para dar 50 euros a cada pessoa que queira consertar sua bicicleta, além de criar mais ciclofaixas e ciclovias. Eles estão pensando na saúde dos cidadãos, pois assim farão exercício enquanto se locomovem, diminui a aglomeração nos metrôs e também como uma forma de diminuir a poluição na cidade. Veja mais aqui.

Na visão budista podemos ver os obstáculos como oportunidades. Talvez essa pandemia seja uma grande oportunidade de repensarmos todos nossos valores como sociedade e assim construir um futuro mais verde para todos.

Zé Paiva na Feira do Livro de Porto Alegre

Dono de um trabalho autoral que presta tributo à natureza, o fotógrafo e professor da Escola de Criação Zé Paiva vai estar na Feira do Livro no próximo domingo, dia 8 de novembro. Às 14h30, ele autografa o livro Expedição Natureza Gaúcha, uma viagem fotográfica pelo pampa, a serra e o litoral do estado. Foram 5 mil km e mais de 15 mil imagens, das quais 150 estão no livro.

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Em março deste ano três fotos deste trabalho foram selecionadas para a coleção Pirelli MASP, a mais importante coleção de fotografia do Brasil. Uma delas aparece na entrevista que publicamos com o Zé Paiva na semana passada. Mas neste post a gente trouxe outra imagem, que o Zé Paiva veio ao blog comentar:

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Reserva Biologica do Sao Donato, Itaqui, Rio Grande do Sul, Brasil. Foto de Ze Paiva, Vista Imagens

“Depois de uma tarde perseguindo bugios espremidos em pequenos resquícios de capões de mata nativa entre arrozais dentro da Reserva Biológia de São Donato, em Itaqui, fomos ver o pôr-do-sol em uma pequena lagoa na beira da estrada. Divagando sobre a vegetação na margem comecei a brincar compondo apenas alguns juncos e deu no que deu, o cúmulo da simplicidade fez valer o ditado “menos é mais”. Por isso talvez a foto ganhou o apelido de japonesa.”

Por Luiza Piffero, no blog da Escola de Criação da ESPM Porto Alegre.