Fotografia de longa exposição – como fazer

Quando falamos em longa exposição estamos falando daquelas fotografias em que a câmera está num tripé e a velocidade de obturação, ou seja o tempo em que a cortina do obturador que controla a entrada da luz até o sensor, é de vários segundos.

Mas afinal para que serve uma exposição longa? Além do famoso efeito de véu em fotografias de cachoeira, podemos usar também em fotos de outros corpos d’água: lagos, mar e rios por exemplo. Pessoas em movimento ficarão com um aspecto fantasmagórico. Fotos noturnas urbanas ficarão com rastros de luz dos veículos. Em dias de vento as nuvens e a vegetação ficarão borradas. Você pode descobrir outras situações para usar esta técnica, o importante é entender como funciona.

Quando clicamos a câmera, o que acontece? O espelho levanta (se for uma DSLR), a cortina do obturador abre, a luz refletida pelo nosso assunto (uma paisagem por exemplo) chega até o sensor e depois a cortina fecha e o espelho desce. Nessa ordem. No caso de uma longa exposição a cortina fica aberta por vários segundo e durante esse tempo o que estiver em movimento vai ficar borrado. Pode ser a água, as pessoas, as luzes dos carros, etc. Isso vai dar um efeito que pode ser um véu na água, pessoas semi translúcidas e rastros de luz, por exemplo.

Bem, então vamos ver quais os cuidados para fazer esse tipo de fotografia:

1 – TRIPÉ

Extremamente necessário. Você pode tentar apoiar em algum lugar mas nem sempre isso funciona e vai dificultar todo o trabalho de composição e fotografia. Um bom tripé é aquele que vai deixar sua câmera bem estável e os ajustes vão funcionar na hora da foto. Um mau tripé é aquele que qualquer ventinho vai derrubar e que na hora da foto a câmera não para onde você quer. Então não precisa comprar um tripé suíço mas invista num tripé que não vai te deixar na mão.

Antes de montar o tripé eu costumo achar o ângulo que eu vou fotografar com a câmera na mão para então montar o tripé na altura e local certos. Outra dica é abrir todos os estágios do tripé ao mesmo tempo, colocar na posição e ir travando até ele ficar onde você quer. Importante nivelar o tripé para ele não ficar inclinado, pois isso deixa a câmera instável e com risco de cair no chão. Se o seu tripé não tem um nível de bolha você pode comprar um avulso em lojas de fotografia.

Se estiver usando uma objetiva com estabilizador de imagem (IS na Canon e VR na Nikon) desligue, pois eles só funcionam quando você usa a câmera na mão e podem comprometer sua fotografia, pois ficam tentando estabilizar sua imagem sem saber que a câmera está no tripé.

2 – COMPOSIÇÃO

Depois de escolher seu assunto, faça a composição já considerando o movimento borrado do seu assunto como parte da mesma. Importante depois de compor verificar se o seu tripé está todo bem travado pois você não vai querer que ele se mova na hora de clicar.

Nesse momento faça o foco e se estiver usando o automático melhor desligar para não perder o foco depois.

3 – AJUSTES

Para maximizar o tempo de exposição use o menor ISO disponível na sua câmera, normalmente 50 ou 100. Algumas câmera tem um valor de ISO interpolado menor que 100. Quanto mais você fechar a abertura do diafragma maior será o tempo de exposição, então você pode usar f22 ou f32 por exemplo. O problema é quanto mais fechada a abertura do diafragma maior o efeito da difração, que vai reduzir a nitidez geral da imagem. Você talvez não note isso no visor da câmera que é pequeno mas se ampliar no tela do seu computador a 100% vai perceber. Se for só pra usar na internet não tem problema mas melhor evitar isso antes de você fazer aquela impressão pra por na parede certo? As objetivas tem sua melhor performance e definição em aberturas entre f 5.6,  f 8 e f 11. Mas se eu não fechar todo o diafragma como vou conseguir uma longa exposição?

4 – FILTROS ND

Aí entram os filtros ND – que significa neutral density, ou densidade neutra. Eles simplesmente reduzem a quantidade de luz que entra pela objetiva. Ora, você pode pensar, mas qualquer vidro escuro não faria isso? Porque gastar com mais um filtro? Então eu pergunto: se você economizou pra comprar um ótima objetiva para sua câmera porque queria qualidade nas suas imagens vai colocar um vidro qualquer na frente da lente? Isso vale para todos os filtros que você for usar: não adianta ter uma boa objetiva e colocar um filtro de má qualidade na frente.

Existem 3 tipos de filtros ND: sólido, gradual e variável.

SÓLIDO – Ele vai escurecer a imagem de forma homogênea.

GRADUADO – vai escurecer a imagem com um degradê que vai do zero ao máximo e essa passagem pode ser de forma rápida ou lenta.

VARIÁVEL – varia a intensidade que escurece a imagem conforme você gira o filtro.

Eu uso somente o sólido. Porque? O graduado pode ser muito bom para equilibrar a luz do céu com a do chão por exemplo, mas eu prefiro fazer isso usando o filtro graduado do Lightroom. O variável é interessante pois você pode ter um filtro só para diferentes situações mas as vezes pode ser que ele não escureça de forma homogênea a imagem.

Os filtros ND tem diferentes intensidades que são expressas como ND2 (passa metade da luz), ND 4 (passa um quarto da luz) e assim por diante. Os mais usados são o ND64 (reduz 6 pontos de luz) e o ND1024 (reduz 10 pontos de luz), também conhecidos como little stopper e big stopper. Dependendo do fabricante muda a forma como os filtros são especificados. Para um fim de tarde o little stopper é suficiente mas se você for fotografar num local com muita luz vai precisar do big stopper.

Se você ainda não possuir um filtro ND pode usar um polarizador regulado para o máximo de densidade. Isso vai reduzir a luz em dois pontos e já vai ajudar a baixar o tempo de exposição. Se você for fotografar no crepúsculo com pouca luz talvez nem precise de um filtro.

5 – FOTOMETRIA

Ajustado o tripé, a composição, o foco, colocado o filtro, vamos a fotometria, ou seja, a medição da luz. Coloque no modo manual e feche o diafragma até f11 por exemplo. Ajuste a velocidade até zerar o fotômetro. Se estiver dando mais de um segundo já vai dar um efeito legal, mas quanto mais longo o tempo de exposição maior o efeito. Sempre bom fazer vários testes e ver a diferença entre diferentes exposições. Eu costumo usar 30 segundos na maioria das vezes pois é a mais baixa velocidade que minha câmera tem. Se eu quiser fazer uma exposição mais longa vou ter que usar B (bulb) e medir um tempo com um cronômetro.

6 – CLIC

Alguns cuidados na hora do clic:

  • use um cabo disparador ou um controle remoto, pois se você apertar o botão seu dedo vai fazer a câmera tremer. Se você não tem esse acessório também pode usar o timer da câmera ou a função retardo de disparo.
  • Use a função mirror up. Como funciona? No primeiro clic o espelho levanta e no segundo clic a cortina abre. Isso porque quando o espelho levanta ele produz uma vibração na câmera.
  • Se tiver luz por traz da câmera melhor fechar a ocular para evitar entrada de luz por ali.
  • Se tiver muito vento você pode pendurar sua mochila ou outro peso no tripé para estabilizar.
  • Tenha à mão baterias extras pois as longas exposições consomem bastante energia.

7 – DEPOIS DO CLIC

Depois de feita a fotografia confira dando um zoom no visor pra ver se não ficou tremida.

Experimente diferentes assuntos, diferentes exposições, diferentes ângulos e composições. Coloque um assunto em movimento em diferentes planos. Você pode obter resultados surpreendentes e originais. As fotografias de longa exposição vão mostrar uma imagem que o nosso olho não vê. A passagem do tempo introduz uma quarta dimensão a sua fotografia. Você pode também usar um light painting durante a exposição mas isso é o tema do nosso próximo artigo. Boas fotos!

Zé Paiva fotografando na Lagoa dos Patos, Tavares, RS.

Finissage do Somsilêncio em Blumenau

Dia 25 de agosto encerrou-se a exposição o “Somsilêncio da Imagem”, no Museu de Arte de Blumenau. A finissage começou com uma roda de conversa, na qual Zé Paiva falou sobre seu processo criativo. Durante a conversa ele deu instruções e conduziu uma pequena sessão de meditação, para ilustrar melhor o conceito de fotografia contemplativa. Depois Paiva orientou uma visita guiada pela exposição contando a história dos bastidores de cada obra exposta. Para encerrar ele sorteou um livro de sua autoria, o “Expedição Natureza Tocantins”. Veja abaixo as fotos do evento pelo olhar de Mia Ávila – diretora do Museu.

 

Como falar com as árvores

A exposição “Como falar com as árvores” é uma coletiva que comemora os cinco anos do programa de residência artística Labverde. Este programa acontece uma vez por ano na Floresta Amazônica e reúne artistas do mundo todo durante dez dias para uma imersão criativa. A residência acontece em dois locais: uma parte num barco regional e outra parte na Reserva Florestal Adolpho Ducke, administrada pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia.

Um dos diferenciais do programa é unir artistas e cientistas na equipe que media os trabalhos. Segundo o site do Labverde: “Experimentação e conhecimento serão ferramentas para inspirar os processos de trabalho artístico e discursos contextualizados. Através da apropriação da natureza espera-se que os participantes promovam expressões estéticas e poéticas que impulsionem uma relação consciente entre humanidade e a natureza.”

Depois de visitar a exposição, que acontece na cidade do Rio de Janeiro, o fotógrafo Zé Paiva destaca o trabalho de duas artistas que estão nessa coletiva:

Simone Fontana Reis exibe o trabalho “A procura da paisagem perdida”. A obra foi feita com goma de mandioca, terra de cupinzeiro e carvão sobre papel. A artista há mais de vinte anos pesquisa florestas, orquídeas e a etnia indígena Kadiueu.

O outro trabalho em destaque é a série “Irreversíveis”, de Renata Padovan. Há mais de vinte anos, Renata tem como foco de seu trabalho lugares em que a interferência humana alterou drasticamente a paisagem, afetando, de forma irreversível, as condições ambientais e sociais da região. Durante a residência, ela fotografou a instalação que criou no cemitério de árvores da usina hidrelétrica de Balbina, um lago de 2.360 km² que inundou parte da floresta causando um impacto ambiental enorme para gerar apenas 250 megawatts, insuficientes sequer para abastecer Manaus.

A exposição acontece na galeria Z42, que está instalada num charmoso casarão de 1500 m² construído na década de 30 no Cosme Velho. Vale a visita, tanto pela exposição quanto pela galeria em si.

SERVIÇO

Onde: Galeria Z42, Rua Filinto de Almeida, 42, Cosme Velho, Rio de Janeiro.

Quando: até 28/junho – de segunda a sexta, das 13h às 18h.

O Somsilêncio da Imagem

O Somsilêncio da Imagem é nome da próxima exposição de Zé Paiva que vai abrir dia 30 de outubro às 19h na Galeria de Arte da ALESC, Assembléia Legislativa de Santa Catarina, onde fica até 16 de novembro.

A exposição foi inspirada nos haikais de Matsuo Bashô, um poeta japonês do século XVII, considerado um dos maiores escritores daquele pais. Os haikais são poemas curtos de 3 linhas, nos quais a primeira tem 5 sílabas, a segunda 7 e a terceira 5 novamente.

百里来たり                        caminhei cem léguas –

ほどは雲井の                    envolvido pelas nuvens

下涼み                                gozo a sua frescura

A exposição será composta por 16 obras, cada uma acompanhada por um haikai.

O texto de apresentação é do escritor Fábio Brüggemann e o design de Maurício Paiva. Para criar a identidade visual da exposição Maurício pesquisou a cultura japonesa e chegou num resultado muito interessante que lembra a caligrafia dos ideogramas orientais.

SERVIÇO

Abertura: 30 de outubro de 2018 às 19 horas.

Visitação: 31 de outubro a 19 de novembro das 7 às 19 horas.

No dia 19 de novembro Z’é Paiva estará a tarde recebendo o público.

Onde: Galeria de Arte da ALESC – Rua Jorge Luz Fontes 310 – Florianópolis SC

ENTRADA GRATUITA

Mestre Kaz Sensei no Brasil

Palestra de Kazuaki Tanahashi Sensei no Teatro da Hebraica – Porto Alegre RS

Sensei Kazuaki Tanahashi nasceu no Japão em 1933 e mora nos Estados Unidos desde 1977. Artista e contemplativo com uma trajetória incrível — erudito e professor do Zen, mestre artista e caligrafista, foi autor e tradutor de textos budistas do japonês medieval, chinês e sânscrito para o inglês (já publicou mais de quarenta livros em inglês e japonês). No Japão, foi aluno direto do O-Sensei Morihei Ueshiba, fundador do Aikido. Atua desde os anos 60 como ambientalista e pacifista, sendo fundador e diretor das iniciativas A World Without Armies (mundo sem exércitos) para a desmilitarização das nações e  Plutonium Free Future (futuro livre de plutônio).

CEBB – Centro de Estudos Budistas Bodisatva Caminho do Meio, Viamão, RS

Como todo esse currículo ele consegue ser ao mesmo tempo um poço de sabedoria e de simplicidade. Sua fala é permeada de poesia. Parece que ele estuda cada palavra com cuidado antes de falar. Um pequeno grande homem.

Abertura da exposição UM PINCEL de Kazuaki Tanahashi Sensei, Reitoria da UFRGS Porto Alegre, RS

Acompanhei e fotografei todas as suas atividades no sul do Brasil. Ele chegou no domingo 3 de junho e na segunda de manhã já estava na  UFRGS montando sua exposição. Energia ele tem de sobra na flor dos seus 84 anos de juventude. Na segunda a noite, na abertura da exposição ele pintou seis telas de grandes proporções. Na terça feira deu uma palestra no Teatro da Hebraica. Quarta a noite lançou o livro “Sutra do Coração”. Quinta feira deu duas oficinas de caligrafia no CEBB, uma a tarde e outra a noite. Sexta, sábado e domingo orientou um retiro também no CEBB e, como se não bastasse tudo isso, ainda participou de uma entrevista coletiva domingo a tarde no Instituto Zen Maitreya com diversos mestres e professores do zen budismo e do budismo tibetano no Rio Grande do Sul.

Palestra de Kazuaki Tanahashi Sensei no Teatro da Hebraica – Porto Alegre RS

O responsável pela vinda de Kaz foi Fábio Rodrigues, artista e praticante budista de Joinville. Desde 2016 ele é aluno do Sensei e este ano, com apoio do CEBB e do Lama Samten, ele articulou a vinda do mestre.

Detalhe de “enso” feito durante a palestra no Teatro da Hebraica, Porto Alegre RS

Oficina de caligrafia, CEBB – Centro de Estudos Budistas Bodisatva Caminho do Meio, Viamão, RS

Oficina de caligrafia, CEBB – Centro de Estudos Budistas Bodisatva Caminho do Meio, Viamão, RS

Visita de Kazuaki Tanahashi Sensei a Vila Zen, Viamão, RS

Kaz Sensei, Lama Padma Samten e Fábio Rodrigues no CEBB – Viamão, RS