Bacopari, a lagoa contemplativa

Em janeiro fiz um retiro de meditação no CEBB Bacopari, centro budista no Rio Grande do Sul orientado pelo Lama Padma Samten, próximo a lagoa homônima. Esta lagoa faz parte de um rosário de lagoas costeiras que começa em Florianópolis e vai até o Uruguai. Mais ao sul fica a Lagoa do Peixe, que dá nome ao Parque Nacional e é considerado um dos mais importantes paradouros para aves migratórias no Brasil. Entre os ilustres visitantes da região estão os flamingos que fogem do inverno chileno e o maçarico-de-papo-vermelho, que percorre mais de 20 mil quilômetros de um polo ao outro. Este parque está no roteiro da nossa Expedição Santuário das Aves.

Na verdade não foi um simples retiro, foi uma experiência. Na primeira semana eu e um amigo ficamos responsáveis por cozinhar e servir as 28 pessoas que estavam no retiro, tudo no estilo Zen Budista. Fomos treinados pela Monja Shoden e pelo tenzo, o cozinheiro da Vila Zen, durante os três primeiros dias. Na segunda semana assumiu o chef oficial do retiro e tirei uma semana para visitar a família. Voltei para fazer a segunda parte do retiro, duas semanas meditando doze horas por dia.

Entre uma coisa e outra, aproveitei para fotografar a bela Lagoa do Bacopari. Como pratico meditação há mais de dez anos minha fotografia tem cada vez mais assumido um olhar contemplativo. Nem sempre medito antes de fotografar, na verdade o próprio ato de fotografar torna-se uma prática meditativa.

Este ano quero retomar as oficinas de fotografia contemplativa que iniciei em 2018. Espero assim beneficiar as pessoas ajudando-as a desenvolver um olhar contemplativo, não só na fotografia, mas na vida.

Veja como foi a Expedição Floripa 2019

Entre os dias 1º a 4 de maio Zé Paiva conduziu a 4ª edição da Expedição Fotográfica Floripa. Foram 4 dias de fortes emoções! Muitas fotografias entre trilhas, risadas e a saborosa culinária local!

No primeiro dia, depois de uma roda de conversa onde todos começaram a se conhecer, tivemos uma aula onde Zé Paiva falou sobre luz, composição, planejamento e mostrou um pouco do que faríamos nos próximos dias.

No segundo dia estavam todos de pé às 5h30 para fotografar a alvorada. O grupo desceu por uma trilha até a ponta norte da Praia Mole, onde há um promontório rochoso. Lá foram brindados com um crepúsculo repleto de cores. Depois de um reforçado desjejum a van levou-os até o centrinho da Lagoa da Conceição, onde pegaram o barco para a Costa da Lagoa. Este é um bairro muito pitoresco, onde só se chega por trilha ou barco.

No ponto 8 a turma desceu para fotografar um engenho de farinha secular, herança do imigrantes açorianos misturada com a cultura indígena da mandioca. Dali seguiram pela trilha, passando por muitos barcos, córregos, florestas até o casarão da Dona Loquinha, de 1790. Um pouco adiante chegaram à Praia Seca, onde além de embarcações de pesca e de passeio viram canoas de um pau só feitas de garapuvu (árvore símbolo de Floripa). Depois de um almoço com frutos do mar fresquinhos os expedicionários voltaram de barco. No final de tarde foram ao Parque do Rio Vermelho, fotografar nos trapiches às margens da lagoa.

Na sexta-feira depois do café da manhã o grupo foi fazer a trilha da Praia da Galheta, uma praia que está protegida como Monumento Natural Municipal e por isso não tem construções. O acesso é feito somente por trilha. Caminharam um pouco pela praia e depois pegaram outra trilha que sobe até o Mirante da Boa Vista. A subida é íngreme mas vale a pena pois a vista lá de cima é fantástica. Pode-se ver a Praia da Galheta, Mole, Joaquina, Lagoa da Conceição, Costa, Barra e o Parque do Rio Vermelho. Depois da trilha um peixe fresco com camarão e cervejinha na beira do canal foi a pedida para recuperar as energias. Final de tarde foi a vez do belíssimo Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. Após o crepúsculo, uma aula de light painting, técnica na qual se ilumina o assunto com uma lanterna.

No quarto e último dia a turma madrugou para contemplar (e fotografar, claro) a aurora na pista de voo livre da Praia Mole, que fica na trilha para a Ponta do Gravatá. Valeu a pena, pois o astro rei deu novamente um show de luzes e cores. Depois seguiram até a ponta, passando por uma pequena praia e chegando ao costão. O Oceano Atlântico deu um show de força e energia enquanto os expedicionários fotografavam.

No final de 4 dias estavam todos cansados fisicamente mas nutridos pela energia da natureza e pela oportunidade de fotografar tantos lugares incríveis.