FestFotoPoa 2011

Começou no dia 6 de abril e vai até 1 de maio a quinta edição do FestFotoPoa. O festival  abriu com uma grande exposição retrospectiva do fotógrafo homenageado Luiz Carlos Felizardo. Felizardo ficou conhecido pela sua versatilidade, pois tanto fotografou paisagens sublimes, detalhes arquitetônicos e abstrações em câmeras de formato grande, 4×5 e até 8×10 polegadas, quanto fez cliques voeyrísticos em suas viagens com uma pequena Leica 35mm, sempre em preto&branco. No segundo dia do festival foi lançado um livro também retrospectivo sobre a obra de Felizardo, homenagens mais do que merecidos por este grande fotógrafo.

Apesar de ser conterrâneo meu, ele também nasceu em Porto Alegre, só o conheci pessoalmente em 2004, quando participamos juntos com outros 43 fotógrafos do projeto SP 450 anos em 24 horas, dos irmão Eduardo e Fernando Bueno. O projeto consistia em fotografar um tema sorteado para cada fotógrafo durante as 24 horas do dia do aniversário de 450 anos de São Paulo. Lembro que estávamos todos os fotógrafos hospedados no velho hotel Othon Palace, no centro histórico de São Paulo. O sorteio foi na sexta -feira a noite e eu estava ao lado do Felizardo assistindo. Quando sortearam o tema dele: morrer em São Paulo, ele virou pra mim com uma cara de perplexidade (deve ter imaginado alguma cena de crime), e eu imediatamente reagi dizendo que haviam belos cemitérios em São Paulo. Seu semblante imediatamente iluminou-se. Uma das fotos deste ensaio, Cemitério São Luiz, está na exposição e no livro do FestFoto.

Alguns anos depois, quando lancei meu livro Expedição Natureza Gaúcha, em 2008, Felizardo escreveu um belíssimo texto na sua coluna Imago, na revista Aplauso, sobre o meu trabalho e o do Eurico Salis, meu amigo e contemporâneo, que havia lançado mais ou menos na mesma época o livro Porto Alegre, cenas urbanas, paisagens rurais. O gancho do artigo era a ligação de ambos com Bagé, cidade natal do Eurico, dos meus pais, e com a qual Felizardo tem uma ligação afetuosa. Estas colunas do Feliz renderam um ótimo livro, com o nome da coluna, Imago, lançado em 2010. Felizardo, além de ser um fotógrafo com grande sensibilidade e apuro técnico, ainda escreve soberbamente. Este foi o seu segundo livro de textos, o primeiro, de 2000, chama-se Relógio de ver. [slideshow]

Mas voltando ao FesFoto, depois dessa viagem no tempo. A exposição do Felizardo ocupa quase todo o andar térreo do Santander Cultural, um belíssimo prédio histórico. No andar de cima, uma retrospectiva de Marc Riboud, que achei um pouco linear, ampliações pequenas, todas do mesmo tamanho, acho que não ficou a altura da obra desse grande fotógrafo francês. Nas salas multimídia aconteceram as palestras, mesas-redondas e leituras de portfólio. Falando em mesas-redondas, uma crítica construtiva: acho que foi mal aproveitada a oportunidade, pois juntaram-se grandes cabeças pensantes da fotografia brasileira, mas devido em parte aos atrasos de início em quase todas, sobrava sempre muito pouco tempo para a mesa redonda propriamente dita, onde haveria o debate com o público. A mesa acabava ficando linear, como palestras sucessivas, sem o debate que ao meu ver seria fundamental e produtivo. Prova disso é que numa das mesas mais empolgantes, onde estavam Roberto Linsker, da Editora Terra Virgem, Tiago Santana, da Editora Tempo D’imagem e Dante Gastaldoni, do projeto Brasil passa pelo SESC, discutindo a produção de livros autorais de fotografia no Brasil, a discussão continuou por horas no corredor e no café, porque o assunto era por demais instigante.

O saldo final é que o FestFotoPoa está de vento em popa e acho que todos que participaram este ano estão ansiosos que chegue a sexta edição em 2012, quando a fotógrafa homenageada será Nair Benedito. Quem ainda não foi, não deixe de ir, pois até 1 de maio permanecem as ótimas exposições acompanhadas de sessões de filmes no cinema do subsolo, programa imperdível!

Satolep – Lançamento do Natureza Gaúcha

Impregnado pela estética do frio (termo criado pelo cantor, compositor e escritor Vitor Ramil, de Pelotas), apesar da temperatura amena, respiro o ar outrora pestilento pelas carnes putrefatas. O arroio Pelotas era conhecido como o Rio Vermelho, tamanha a quantidade de sangue que desaguava no seu leito. Fortunas foram criadas a partir de um trabalho feito por mão-de-obra escrava. A ganância do ser humano engendra formas desumanas de produção. Hoje as charqueadas são lugares turísticos, limpos e ajardinados, com criancinhas correndo pelos casarões. Em nada lembram os lugares descritos por Debret.

Pousada Charqueada Santa Rita, Pelotas, Rio Grande do Sul.

O nome da cidade de Pelotas veio de uma embarcação pitoresca usada pelos índios, feita de couro e madeira, puxada a nado por uma corda mordida pelo nadador. Na noite anterior a minha ida às charqueadas de Santa Rita, que hoje é uma bela pousada, e a Charqueada São João, hoje transformada em Museu, aconteceu o evento de lançamento do meu livro Natureza Gaúcha em Pelotas. No auditório do Instituto Simões Lopes Neto (antiga residência do escritor) fiz uma projeção de fotografias e depois uma conversa com um público de cerca de cinquenta pessoas que quase lotou o espaço. Muitos alunos e professores dos cursos de artes, ecologia e fotografia animaram a conversa que se extendeu até cerca de nove e trinta da noite, quando então passamos a sessão de autógrafos. Agradeço a Bety e toda a equipe da excelente Livraria Vanguarda que me convidou e organizou todo o evento.

Auditório do Instituto Simões Lopes Neto, Pelotas, RS.
Vitor Ramil (a esquerda) na noite do evento.

Pelotas é uma cidade encantadora, repleta de prédios antigos, alguns restaurados e outros nem tanto. Fui ciceroneado pelo músico Vitor Ramil e sua esposa Ana Ruth, professora de linguística. Entre longas conversas regadas a mate amargo, fotografei um pouco da cidade (vejam mais fotos na galeria do Flickr)

Prédio antigo na praça General Osório em Pelotas RS.
Instituto Simões Lopes Neto, Pelotas, Rio Grande do Sul.

Conversas com o autor – Pelotas e Rio Grande

À convite da Livraria Vanguarda estou indo a Pelotas e Rio Grande apresentar o meu livro Expedição Natureza Gaúcha. Dia 26 será no Instituto Simões Lopes Neto em Pelotas, e dia 27 na Livraria Vanguarda em Rio Grande. Faremos um bate papo com projeção de imagens do livro e do meu trabalho atual no Tocantins. Abaixo o convite.

Sarau de fotografia na FNAC – as fotos

Foi dia 13 de setembro. Trata-se de um evento mensal da FNAC em parceria com a Escola de Fotografia Câmera Viajante, de Porto Alegre. Neste Sarau fui convidado para falar do meu trabalho. Falei sobre os projetos Expedição Natureza Santa Catarina e o Natureza Gaúcha, já lançados, e sobre o trabalho em curso no Tocantins. O público lotou o espaço Blu-ray na FNAC, que aliás estava sendo inaugurado. Na verdade faltou cadeiras para o público presente, ficou gente de pé (sorry)! Em compensação a FNAC teve a gentileza de oferecer um ótimo espumante e frutas secas enquanto eu autografava o livro Natureza Gaúcha.

Na ocasião também foi lançado oficialmente o meu próximo workshop de fotografia ambiental (gostei do termo ambiental, no lugar de natureza, mais abrangente), que será na Câmera Viajante, de 23 a 25 de outubro. Sábado será aula teórica na escola. A aula prática, no domingo, será no belo Parque Estadual de Itapuã, em Viamão. Na segunda-feira teremos uma aula de avaliação.  Já restam poucas vagas, por incrível que pareça, assim que quem quiser se adiante antes que lote.

Abaixo algumas fotos do evento:

Sarau de fotografia - FNAC Porto Alegre em 13 de setembro de 2010 - foto de José Otávio Teixeira.

 

Zé Paiva e Rogério do Amaral Ribeiro da Câmera Viajante, Sarau de fotografia - FNAC Porto Alegre em 13 de setembro de 2010 - foto de José Otávio Teixeira.
Sessão de autógrafos, Sarau de fotografia - FNAC Porto Alegre em 13 de setembro de 2010 - foto de José Otávio Teixeira.

Guia Itaucard Brasil

Um dos últimos lançamentos da Editora Bei (com til no i, pois é tupi e significa “um pouco mais” – só não descobri ainda como colocar esse til), como todos que conheci até agora, é um guia que se destaca no mercado brasileiro. Começando pela fitinhas verde-amarelas que servem como marcador. É apresentado como um guia de opinião, ou seja, em vez de simplesmente despejar cidades, bares, restaurantes, hotéis e congêneres, sugere roteiros pelos Brasil, com dicas e comentários sobre os lugares. A capa é do fotógrafo Cássio Vasconcellos, uma das suas maravilhosas fotos aéreas, esta especificamente da Praia de Carneiros em Pernambuco. Eu participei do guia com algumas fotos da região sul e sugestões de roteiros surgidas em papos com Marcelo Delduque, responsável pela coordenação editorial do trabalho.

Uma das pérolas é o comentário do multi-artista Bené Fonteles sobre o litoral norte da Bahia. Ai vai uma palhinha:

“Como viajante aprendiz e morador de todas as regiões do Brasil, sinto ter de dizer que muitos lugares aonde fui e vivi estão perdendo seu real encantamento, certa pureza original e as qualidades essenciais de alumbrar nossos sonhos e sentidos. O próprio turismo, por mais ecológico que seja, vai tirando de lugares que achamos até romanticamente sagrados essa aura de simplicidade e leveza. Embora fique cheio de dedos para falar de um lugar onde essa aura ainda se encontra de certa forma intacta…” Quem quiser saber o segredo do Bené vai ter que comprar o guia, vale a pena…

Imago – novo livro de Felizardo

Rolodex, de Luiz Carlos Felizardo

O grande fotógrafo portoalegrense Luiz Carlos Felizardo lança em julho, seu novo livro Imago, que reúne textos do autor publicados na revista Aplauso, onde é colunista desde 2001. O título é produzido pela Lathu Sensu e financiado pelo FUMPROARTE. Aqui no blog você pode conferir um destes textos, intitulado “Reduto de Artistas“, sobre o meu livro Natureza Gaúcha e sobre o livro Porto Alegre de Eurico Salis.

Para Felizardo, a fotografia “É um mundo vasto, sim. É uma das poucas formas de produção de imagens que pode ser feita e entendida ou como registro histórico, ou documento, ou informação jornalística, ou instrumento de pesquisa científica — ou arte. E, frequentemente, é mais de uma coisa ao mesmo tempo.”

Nascido em 1949, Luiz Carlos Felizardo estudou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 1968 e 1972, ano em que deixou o curso e passou a dedicar-se exclusivamente à fotografia. Utilizando câmeras de grande formato, produziu obras reconhecidas internacionalmente nas áreas de fotografia de paisagem e arquitetura.

A partir de 1975, realizou mostras individuais em diversas cidades brasileiras, em Buenos Aires e La Plata, na Argentina, e em Montevidéu, no Uruguai. Participou também de coletivas internacionais em países europeus, como La Fotografía Iberoamericana, em Madrid; Brasilianische Fotografie, na Alemanha; e Fotografía Brasileña: Historia y Contempo-raneidad, em Portugal. Em 1991 e 2006, teve  imagens selecionadas para integrarem o acervo da Coleção MASP/Pirelli.

O lançamento de “Imago” acontece às 19 horas de 6 de julho, no restaurante Moeda do Santander Cultural, na rua 7 de Setembro,  1028, em Porto Alegre.

Vida em comunidade na Revista Bodisatva

A revista Bodisatva é uma publicação do Centro de Estudos Budistas Bodisatva CEBB, coordenado pelo Lama Padma Samten, ex-professor de física quântica e primeiro Lama brasileiro. Neste exemplar, a convite do Lama Samten, escrevi um artigo contando como o conheci em 1982, na época professor Alfredo Aveline, na comunidade fundada por ele num sítio em Três Coroas RS. Este mesmo terreno foi doado por ele para a construção do templo Khadro Ling pelo Lama Chagdud Tulku Rimpoche. Eu estava terminando o último ano de Engenharia Mecânica e fiquei fascinado pela comunidade alternativa de Rodeio Bonito. Me parecia a solução de todos os problemas do mundo, na minha ingenuidade dos tenros 20 anos. Depois que acabei a faculdade pus a mochila nas costas, peguei um avião das Linhas Aéreas Paraguaias e fui para a Europa conhecer outras comunidades. Estive em Findhorn, a ecovila mais antiga do mundo, no norte da Escócia; Comunidad del Arco-íris, uma comuna de orientação tântrica na Catalunha; Amir Kibutz, em Israel e outras. A revista pode ser comprada pelo site e vale cada tostão, as matérias são todas excelentes.

A esquerda o Lama Samten, na época Alfredo Aveline, na comunidade Rodeio Bonito, 1982, foto de Zé Paiva (na época ainda amador)

Parques Nacionais – SUL – Cânions e cataratas

Mais um belo lançamento da Editora Terra Virgem, do meu amigo e grande fotógrafo Roberto Linsker (confiram o blogue dele, vale a pena). Este livro é o quarto da série Tempos do Brasil, uma coleção que trata da história natural e ocupação humana de algumas das regiões mais interessantes do Brasil. A abordagem é feita em três tempos: o tempo geológico – medido em milhões de anos – conta a história da formação da paisagem do lugar; o tempo biológico – medido em milhares de anos – conta a história da vida naquele mesmo lugar; e finalmente, o tempo humano – medido em séculos – que relata a ocupação desta paisagem. Isto tudo é feito de modo científico e didático, tornando a informação interessante e recheada de belas fotos. Os outros títulos da série foram sobre Fernando de Noronha, Chapada Diamantina e Itatiaia.

Neste livro, onde além de fotos encontram-se textos, diagramas, mapas, ilustrações antigas, tudo para contar bem contada a história da paisagem do sul do Brasil,  tenho o prazer e a honra de participar com 30 imagens que estão entremeadas às belíssimas imagens do Roberto. Confiram que vale a pena.

 

Rio Canoas ao luar, Urubici, Santa Catarina. Foto de Zé Paiva - Vista Imagens

“Afinal, todo parque é uma declaração de amor à paisagem e a tudo que nela existe: a flora e o vento, a fauna e a neblina, a chuva e ao brilho do sol, a sutil luz da lua, o silêncio das estrelas e o barulho das águas.” (extraído do livro)

Lançamento do “Natureza Gaúcha” no Shiva Vege

Foi numa noite de verão, 25 de janeiro, o lançamento do livro Expedição Natureza Gaúcha em Florianópolis. O ar estava quente mas mesmo assim mais de 100 pessoas animadas comparecerem ao simpático restaurante vegetariano Shiva Vege para conferir o livro e a exposição fotográfica. Cristian Faig na flauta e Fred Malverde no violoncelo encantaram nossos ouvidos com temas variando do jazz a música brasileira passando pela erudita. A arte culinária exibida nos canapés mandalísticos da Bruna do Shiva Vege foi mais uma atração da noite

Vale destacar a presença, entre inúmeros amigos e pessoas queridas, de Giancarlo Nicoloso, diretor geral da revista Photo Magazine, e de Nildo Teixeira de Melo Jr., diretor de redação da mesma. Junto com eles estavam Lu Renata e Lucila, da Duo Arte, que estão preparando para maio o evento Floripa na Foto, semana de fotografia com atrações nacionais. Confiram a programação no site. Estarei dando um oficina lá também. O Nildo levou a última edição da revista, cuja matéria de capa é do meu grande amigo, o fotógrafo André Paiva, que também estava presente no lançamento. Abaixo alguns flagrantes da fotógrafa-poeta Francine Canto (confiram o seu blog e tweeter, está ótimo).

IMPORTANTE: prá quem ainda não viu a exposição, ela fica até 23 de fevereiro! Informações no 48 3232 2303.

Os amigos queridos Luciane e Christopher, da Reserva Passarim.
Vista geral do salão comigo autografando ali no cantinho.
Meu amigo fotógrafo e agora também presidente da Fundação do Meio Ambiente de Biguaçú, Henrique Azevedo.
Meus filhos amados e talentosos, Maurício e Iara.
Os excelentes músicos que animaram a noite, Cristian e Fred.
A arte da mandala gastronômica do Shiva Vege.